Mártires camilianos



Mártires da Caridade*

No dia 2 de fevereiro de 1994, a Consulta Geral instituiu o Dia dos Religiosos Camilianos MÁRTIRES DA CARIDADE, a ser celebrado em toda a Ordem no dia 25 de maio, data do nascimento de S. Camilo.

A iniciativa partiu da Província Piemontesa e foi assumida pelo Capítulo Geral de 1989: “A Consulta Geral estude a maneira de lembrar os nossos MÁRTIRES DA CARIDADE, estabelecendo, se possível, a mesma data para toda a Ordem”.

Finalidade do Dia dos Mártires da Caridade: “tomar contato mais vivo com o nosso passado, de maneira especial com os religiosos que imolaram sua vida no altar da assistência aos doentes”.

A celebração deve realçar a beleza e a força da solidariedade, do amor fraterno, do amor preferencial pelos mais desamparados.

Ao instituir o Dia dos Mártires da Caridade, a Consulta Geral fez o seguinte apelo: “Pedimos aos superiores e delegados provinciais, aos superiores locais e animadores de Centros de Pastoral de Centros de Pastoral que usem de criatividade na programação da celebração que deve ser rica em valores, mas sem triunfalismo”.

A celebração deve ser para os religiosos e as comunidades uma oportunidade de renovação interior e de retomada de entusiasmo apostólico.

Com a finalidade de fazer memória e motivar a celebração da efeméride, reportamos, na descrição de P. Cicatelli (Vida do P. Camilo, capítulo 50), como surgiram os primeiros mártires da caridade da Ordem.

“Haviam chegado a Nápoles, vindas da Espanha, muitas galés carregadas de infantaria espanhola, com os soldados tão afetados de moléstia contagiosa que quase todos acabam morrendo. A cidade proibiu que as galés atracassem e exigiu que ficassem em quarentena em Pozzuoli, na entrada da baía. Como as pessoas morriam sem qualquer assistência corporal e espiritual, o vice Rei pediu ao P. Brás que acudisse a tanta miséria, enviando alguns dos nossos.

“O P. Brás atendeu ao pedido e mandou imediatamente cinco religiosos. Foram eles: João de Adamo, Serafim Lucchese, Torquato Maurício, João Batista Pasqual e João Batista de Gaeta. Todos tinham consciência que iam ao encontro da morte por amor de Deus e agradecem a quem os tinha considerado dignos disso. Partiram com alegria e entusiasmo.

“Quando chegaram ao local, o Mordomo do Hospital na Anunciação, onde estava concentrada a maior parte dos doentes, deu-lhes como alojamento uma fruta que só tinha a abertura da entrada. Por pouco não ficaram cegos por causa da fumaça, pois lá dormiam e também preparavam a sua comida. Deram-lhe colchões tão sujos e tão usados pelos doentes que, com medo de apanhar a moléstia antes mesmo de começar o trabalho com os doentes, improvisaram para si camas com gravetos e dormiam sobre eles enquanto estiveram lá.

Começaram a dar assistência aos pobres, atendendo todo mondo, mas, sobretudo, os moribundos...

Por falta de outros meios, os irmãos carregavam os doentes, das galés ao hospital, no colo, principalmente, os mais graves e os que estavam mais perto da morte...

Os nossos, além dos plantões de dia, davam plantões de noite, não só para cuidar dos que estavam morrendo, mas também dos dos mortos, de medo que os lobos ou outros animais do descampado os devorassem.

Quando terminavam o trabalho no Hospital da Anunciação, ao invés de descansar, iam ajudar num hospitalzinho, montado num velho casarão nas proximidades...

Por fim, tendo morrido quase todo mundo, também os nossos deram de ficar doentes. Levados para Nápoles, apenas dois foram considerados dignos de morrer, isto é, João Batista de Gaeta e Serafim. Foram os primeiros que a nossa Congregação entregou a Deus, isto é, daqueles que morreram vítimas de epidemias ou outros contágios a serviço dos doentes”.

[*Pe. Júlio Munaro (in memorian)]

SAV - Pinhais

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