Orfandade
A piedosa mãe
não viveu muitos anos mais. Em 1563, com quase 73 anos de idade, expirou
santamente.
O pai, agora
comandante da fortaleza de Pescara, poucas vezes vinha a Bucchianico, e o filho
fora entregue aos cuidados de estranhos. Aproveitara o menino a liberdade, e em
más companhias aprendeu a jogar. Esta seria a paixão que o havia de levar a
tantas ruínas mais tarde. Puseram-no em escola onde tirou grande proveito,
pois, não obstante as vadiações e peraltices, era inteligentíssimo, tinha boa
memória, recitava muito bem e gozava de grande prestígio entre os colegas de
classe. Contava já dezessete anos quando resolveu se alistar entre os soldados
que os venezianos em 1567 andavam assalariando na guerra contra os turcos.
Neste ínterim, porém, veio ordem do Vice-rei espanhol de Nápoles, à qual
pertencia Bucchianico, para que suspendessem o recrutamento.
Tratava-se de uma
guerra santa contra os maometanos. S. Pio V havia pedido o concurso de todas as
potências cristãs da Europa contra o islamismo cada vez mais terrível e
ameaçador. João de Lellis não podia suportar a vida pacata de Bucchianico. Era
homem de lutas. Empreendeu a viagem para Veneza onde ia lutar contra os turcos.
Camilo, já mocinho e robusto, o quis seguir. Dirigiram-se para Ancona.
Infelizmente enfermou na viagem e esteve às portas da morte. Melhorou e resolveu
então voltar para a terra, visto como a saúde lhe impedia assumir o posto de
capitão do exército. Puseram-se a caminho de retorno, pai e filho. Ao chegarem,
porém, nas vizinhanças do Santuário de Loreto, no Castelo de S. Lupo, João de
Lellis caiu de novo enfermo. Foi hospitalizado carinhosamente em casa de um
Capitão seu velho amigo. O mal se agravou. Recebeu piedosamente os últimos
sacramentos, e, dentro de poucos dias, entregou a alma a Deus.
A morte do pai
naquelas circunstâncias, longe da terra e da família, foi um doloroso golpe
para o coração de Camilo. Sepultou honrosamente o pai e tratou de voltar a
Bucchianico
Extraído de: BRANDÃO, Mons. Ascânio. São Camilo de Lellis.
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