Tempo quaresmal



1º Domingo da Quaresma - Ano C

No início da Quaresma, a Palavra de Deus apela-nos a repensar as nossas opções de vida e a tomar consciência dessas "tentações" que nos impedem de renascer para a vida nova, para a vida de Deus.

A primeira leitura convida-nos a eliminar os falsos deuses em quem às vezes apostamos tudo e a fazer de Deus a nossa referência fundamental. Alerta-nos, na mesma lógica, contra a tentação do orgulho e da auto-suficiência, que nos levam a caminhos de egoísmo e de desumanidade, de desgraça e de morte.

O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre as opções de Jesus. Lucas sugere que Jesus recusou radicalmente um caminho de materialismo, de poder, de êxito fácil, pois o plano de Deus não passava pelo egoísmo, mas pela partilha; não passava pelo autoritarismo, mas pelo serviço; não passava por manifestações espetaculares que impressionam as massas, mas por uma proposta de vida plena, apresentada com simplicidade e amor. É claro que é esse caminho que é sugerido aos que seguem Jesus.

A segunda leitura convida-nos a prescindir de uma atitude arrogante e auto-suficiente em relação à salvação que Deus nos oferece: a salvação não é uma conquista nossa, mas um dom gratuito de Deus. É preciso, pois, "converter-se" a Jesus, isto é, reconhecê-lo como o "Senhor" e acolher no coração a salvação que, em Jesus, Deus nos propõe.


Comentário: São João Crisóstomo : Fortalecidos pelas tentações 

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja - Homilias sobre Mateus 

«Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-se do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo.» [...] Tudo o que Jesus fez e padeceu foi para nos instruir. Por isso, quis ser conduzido a esse lugar a fim de lutar com o demônio, para que ninguém, de entre os baptizados, se sinta perturbado se, depois do seu batismo, sofre as maiores tentações, como se fosse uma coisa extraordinária; deve, antes, suportar tudo isso como se fizesse parte da ordem natural das coisas. Foi para isso que recebestes as armas: não para ficardes ociosos, mas para combaterdes. 

Estes são alguns motivos pelos quais Deus não impede que tenhais tentações. Em primeiro lugar, para vos ensinar que vos tornastes muito mais fortes. Depois, para que vos conserveis prudentes, em lugar de vos orgulhardes dos grandes dons recebidos, porque as tentações têm o dom de vos humilhar. Além disso, sereis tentados para que o espírito do mal, perguntando-se se verdadeiramente renunciastes a ele, fique convencido, pela experiência das tentações, de que o abandonastes totalmente. Em quarto lugar, sois tentados para vos fortalecerdes e vos tornardes mais sólidos do que o aço. Em quinto lugar, para que tenhais a certeza absoluta de que vos foram confiados tesouros; porque o demônio não vos assaltaria se não tivesse visto que recebíeis uma honra maior.

Fonte: http://evangelhoquotidiano.org

SAV - Pinhais

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