Papa: “uma Igreja inospitaleira, tal como uma família fechada em si mesma, atraiçoa o Evangelho”



Na Audiência Geral, Francisco refletiu sobre o significado da Porta Santa, que será aberta em 8 de dezembro, marcando o início do Ano Jubilar da Misericórdia

Roma, 18 de Novembro de 2015 (ZENIT.org)

Roma começa a sentir o frio do inverno se aproximando, mas isso não impediu que milhares de fiéis de todo o mundo participassem da Audiência Geral com o Papa Francisco na Praça de São Pedro.

Como toda quarta-feira, o Papa percorreu a Praça a bordo do papamóvel para saudar e abençoar os peregrinos. Entusiasmados, os presentes gritavam o nome do Papa e tentavam aproximar as crianças para receber uma bênção especial.

A catequese de hoje foi dedicada à Porta Santa, no limiar do Ano da Misericórdia. Resumindo em português, o Papa explicou que “diante de nós, está a grande porta da Misericórdia de Deus, que acolhe o nosso arrependimento e nos oferece a graça do perdão”. “Do recente Sínodo dos Bispos – continuou Francisco - veio um grande encorajamento para todas as famílias e a Igreja inteira se encontrarem no limiar desta porta aberta”.

Francisco citou que “existem lugares no mundo onde nunca se fecham as porta à chave, mas há tantos outros onde se tornou normal ter as portas blindadas. Embora compreensível, não deixa de ser um mau sinal! ”, afirmou.

Ele exortou a “não render-nos à ideia de aplicar este sistema à vida da família, da cidade, da sociedade e, menos ainda, à vida da Igreja. Seria terrível!”.  Para Francisco, “uma Igreja inospitaleira, tal como uma família fechada em si mesma, atraiçoa o Evangelho e desertifica o mundo”.

O Papa explicou ainda que “nós somos os guardiões e os servos da Porta de Deus que é Jesus”. “Se o guardião ouve a voz de Jesus – continuou-  então abre e faz entrar as ovelhas todas que Ele traz, incluindo as que se extraviaram nos bosques e que o bom Pastor procurou até encontrar e trouxe aos ombros para o redil”. E destacou que “não é o guardião que escolhe as ovelhas, mas o bom Pastor”.

Ele concluiu a catequese de hoje, sublinhando que “a Igreja é a porteira da casa do Senhor, não a patroa. Assim deve ser reconhecida a Igreja por toda a terra: como a guardiã de um Deus que bata à porta, como a recepcionista de um Deus que não te fecha a porta com a desculpa de que não és de casa”.

Em seguida, ele cumprimentou os peregrinos de língua portuguesa, em particular os brasileiros de Belém, João Pessoa, Olinda e Recife. Ele disse: “De coração vos saúdo e desejo que a vossa vinda a Roma se cumpra com o espírito do verdadeiro peregrino que, sabendo de não possuir ainda o Bem maior, põe-se a caminho decidido a procurá-Lo! Sabei que Deus Se deixa encontrar por quantos assim O desejam. Sobre vós e vossas famílias desçam, em abundância, as bênçãos do Senhor”.

Após as saudações em várias línguas, o Papa Francisco dedicou algumas palavras especialmente aos jovens, aos doentes e aos recém-casados. Aos jovens, pediu que Jesus acenda neles o desejo de amá-Lo com todas as forças. Aos doentes, desejou que os sofrimentos gloriosos dos Santos Pedro e Paulo console e dê esperança à oferta deles. Por fim, aos recém-casados, ele exortou que suas casas sejam “templos do Amor que ninguém pode nos separar".

Dia 20 de novembro será celebrado o Dia Mundial dos Direitos da Infância. Por isso, o Papa recordou que “é um dever de todos proteger as crianças e antepor o bem delas a qualquer outro critério, para que jamais sejam submetidas a formas de escravidão e maus-tratos”. Ele disse: “Faço votos de que a comunidade internacional possa vigiar atentamente sobre as condições de vida dos menores, especialmente onde são expostos a recrutamento por parte de grupos armados; assim como possa ajudar as famílias a garantir a cada menino e menina o direito à escola e à educação”.

O Papa também recordou que em 21 de novembro, a Igreja recorda a Apresentação de Maria no Templo. Assim, ele convidou a pedir ao Senhor pelo dom da vocação de homens e mulheres que, nos mosteiros e ermidas, dedicam suas vidas a Deus e ainda que “que não falte a nossa proximidade espiritual e material para que as comunidades de clausura possam realizar sua importante missão, na oração e no silêncio operoso”.

Fonte: Zenit.org

SAV - Pinhais

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