Roma - Sínodo dos Bispos sobre a família



Círculos menores: “Não basta dizer que os jovens têm medo do matrimônio”

Os grupos por idioma apresentam suas relações que enriquecerão o documento final, destacando que “a família é a primeira catequista”.

Por Rocío Lancho García
Cidade do Vaticano, 14 de Outubro de 2015 (ZENIT.org)

Os círculos menores do Sínodo dos Bispos apresentaram nesta quarta-feira as suas sugestões após o debate de três dias sobre a segunda parte do Instrumentum Laboris. As propostas servirão para a redação do documento final, a ser apresentado ao papa Francisco para que ele tome as decisões que considerar oportunas para o bem da Igreja. As decisões do papa não estarão necessariamente vinculadas ao documento final.
O grupo moderado pelo cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga e cujo relator é o cardeal José Luis Lacunza Maestrojuán indica que seria oportuna "uma definição da família, seja como a da Gaudium et Spes, 52, seja a de outros documentos como Familiaris consortio”. Eles precisam, ainda, que “a misericórdia de Deus não pode ser condicionada. Santo Tomás diz que, em Deus, a misericórdia é a máxima virtude e o perdão é a mais alta manifestação do poder divino. O perdão que Jesus nos ganhou na cruz não teve nenhuma condição. A misericórdia deve ser entendida em relação com o amor já que é sua manifestação, e a Igreja prolonga o dinamismo misericordioso da Encarnação”.
Por outro lado, “é preciso enfatizar a gradualidade e processualidade” para se entender como Deus comunica a graça levando em conta cada pessoa, e que, “progressivamente, em comunidade, Ele corrige, acompanha e perdoa”.  Em suas propostas, eles também observam que “o plano divino é único e, portanto, tem-se que falar do matrimônio em si, sem as distinções”.
“Levemos em conta a analogia entre a Família e a Igreja: assim como a Igreja é sacramento de salvação, a Família cristã deve ser um sinal visível e participativo da Igreja. Há vários graus de sacramentalidade do matrimônio: natural, aliança, cristão. A fidelidade de Deus se derrama no sacramento do matrimônio, mas à maneira humana: quidquid recipitur, ad modum recipientis recipitur” (o que uma pessoa recebe é recebido de acordo com a sua capacidade natural). O grupo acrescenta que “a fidelidade é um mistério que inclui a fragilidade”.
Este círculo menor explica que “a espiritualidade matrimonial nasce da presença de Deus entre os esposos” e que “os pais são os primeiros catequistas, sendo a família a Igreja doméstica. Lamentavelmente, os pais perderam a capacidade de transmitir a fé, o que leva a comunidades formais ou que desenvolvem só uma dimensão da vida cristã”.                       
Por outro lado, reiterando que há vários graus de sacramentalidade do matrimônio (natural, aliança, cristão), o grupo assegura que “não se pode desconhecer que há muitos valores positivos em outros tipos de família”.
Também é necessário falar aos jovens sobre o matrimônio não da perspectiva do medo. É uma questão antropológica: o “para sempre” não se encaixa na sua maneira de pensar e eles consideram que um “certificado” não faz o matrimônio, identificando as muitas formalidades com “hipocrisia”. Mas não basta dizer que os jovens "têm medo ou não se atrevem" a se casar, porque isto contradiz "a experiência de tantos que aceitam o risco do voluntariado ou se arriscam por motivos políticos e outras lutas”.
O círculo finaliza observando que também “falta uma Teologia da Família”: “Parece que nos limitamos a repetir coisas óbvias, mas faltam ideias-chave, ideias-motoras”.

Círculos menores: “Faltam referências à castidade, à virgindade, à santidade e à espiritualidade da família”


“É necessário indicar a misericórdia para com os filhos que sofrem as consequências da violência na família”

Por Rocío Lancho García
Cidade do Vaticano, 14 de Outubro de 2015 (ZENIT.org)

Os círculos menores debateram durante três dias as propostas para a redação do documento final do sínodo, que não é vinculante, mas servirá como ponto de referência para que o Santo Padre, como sucessor de Pedro, decida o que seja mais conveniente para o bem da Igreja.
O círculo menor de língua espanhola moderado pelo cardeal Francisco Robles Ortega e cujo relator é dom Baltazar Enrique Cardozo considerou que a segunda parte do Instrumentum Laboris contém muitos elementos positivos sobre o discernimento da vocação familiar, mas “sentimos que falta conexão direta com a primeira parte” e que “muitos aspectos são abordados sem uma conexão mais orgânica e lógica dos assuntos tratados (...) O documento final poderia reordenar melhor os temas, pois há muitas repetições em diversos números que devem ser vistos com mais atenção”.
Sobre o capítulo segundo, o círculo insistiu na dimensão missionária da família, e, quanto ao terceiro, notou “uma carência no tocante à necessária misericórdia para com os filhos que sofrem as consequências da violência na família, o abandono, o divórcio dos pais etc”. Também demonstrou interesse particular “no tema da juventude, com seus valores positivos e suas deficiências quanto ao matrimônio”.
Os membros do grupo acham “que há ausências significativas ou poucas referências, nesta parte, a temas como a castidade e a virgindade, a santidade e a espiritualidade da família”. Igualmente, assumem as “deficiências de uma pastoral orgânica e familiar mais incisiva, destacando as conquistas e realizações como as ausências”.
O círculo se mostra consciente da complexa realidade existente nos diversos países; “por isso, a iluminação desta parte deve ser ampla, a fim de abranger as respostas ajustadas aos diversos cenários”.

Fonte: Zenit.org

SAV - Pinhais

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